A comunidade quilombola Olho D’água dos Negros em Esperantina comemora o dia nacional da abolição da escravatura, com festa cultural, vaquejada na mata, entrega de obras com a reforma de escola municipal Valdivino Pires, além de vasta programação de ações do programa Mutirão da Cidadania, realizado pela Prefeitura Municipal de Esperantina.

A comunidade Olho Dágua dos Negros é uma das maiores concentrações de população de afrodescendentes, remanescentes de escravos na cidade de Esperantina, mais precisamente de fazendeiros e coronéis da região norte do estado. A antiga casa grande da fazenda Olho Dágua dos Pires, agora tombada como patrimônio histórico municipal, receberá uma visita de técnicos do IPHAN – Instituto Histórico Nacional, por conta de projeto de reforma do prédio, já aprovado pelo Instituto.

De acordo com um dos coordenadores da comunidade, Claudio Henrique da Silva, as atividades alusivas a esta data histórica é importante para relembrar a história da população negra, fundamental para preservação da cultura negra e destaca no estado.

“Todos os anos celebramos o 13 de maio como muita festa, palestras e ensinamentos. Esse ano, por conta do dia das mães, faremos as atividades no dia 12 de maio. É uma data que deve ser lembrada pelos nossos filhos para dizer de onde viemos e preservar a cultura de nossos avós” afirmou.

As atividades começam a partir das 8 da manhã e seguem até a noite. Além da reforma da escola da comunidade, a prefeitura levará a prestação de serviços de saúde, atividades culturais e um dia de beleza com corte de cabelo, unhas, limpeza de pele, através das secretarias da Assistência Social, Saúde, Cultura e Educação. O prefeito Chico Antonio, assinará autorização da reforma do Posto de Saúde e garantiu os recursos para a realização da 1ª Vaquejada na Mata, evento que deve se destacar na programação.

Vaquejada na Mata é destaque no evento que celebra a “alforria” em Esperantina

Numa terra de vaqueiros e de negros criadores de gado, herança dos afazeres antigos das fazendas, festejar a “alforria” também é preservar a cultura da pecuária extensiva, ainda predominante na região. Pensando nisso, a comunidade quilombola, Olho D’Água dos Negros vai realizar com o apoio da Prefeitura Municipal, a 1ª Vaquejada na Mata.

A diferença dessa modalidade de vaquejada é que os vaqueiros devem pegar o boi no mato. Não tem faixa, nem campo limpo, tudo deve ser exatamente como os vaqueiros fazem nas fazendas de gado da região, como explica o coordenador do evento, Claudio Henrique da Silva.

“Nossos animais não conseguem competir com cavalos de raça na vaquejada comum, são treinados pra correr no mato, no espinho, na unha de gato, assim como nossos vaqueiros, por isso vamos fazer uma vaquejada do jeito que criamos o gado” explicou.

Pelas regras da vaquejada na mata, a dupla que conseguir pegar e pear o boi em menos tempo vence a disputa. Cerca de 60 vaqueiros já se inscreveram, os competidores são trabalhadores vindos de comunidades e cidades vizinhas e estão disputando a premiação que está reservada para atender até o quinto colocado.