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Câmara homenageia Batalha do Jenipapo; Assis destaca luta popular contra a exploração

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(Foto: Gustavo Bezerra – PT na Câmara)

Uma sessão solene na Câmara dos Deputados homenageou a Batalha do Jenipapo e divulgou o episódio histórico importante para consolidação da independência do Brasil. O evento, solicitado pelo deputado federal Assis Carvalho (PT/PI), aconteceu nesta terça-feira (28), em Brasília.

Participaram da sessão piauienses, maranhenses, cearenses, paraenses radicados em Brasília, o governador do Piauí, Wellington Dias; prefeito Ribinha, de Campo Maior; os deputados Átila Lira (PSB-PI, coordenador da bancada federal do Piauí), Marcelo Castro (PMDB/PI), Erika Kokay (PT/DF), Carlos Zarattini (PT/SP), Carlos Henrique Gaguim (PTN/TO), Hildo Rocha (PMDB/MA), Aluísio Martins (PT/PI), Mainha (PP/PI), Silas Freire (PR/PI); senadores Regina Sousa (PT/PI) e Elmano Ferrer (PMDB/PI); Paulo Martins, presidente da Fundespi (Fundação de Esportes do Piauí); vereadores de Campo Maior, Fernando Miranda (PT/PI, presidente da Câmara) e Edvaldo Lima (SD/PI).

Apesar da importância do episódio para a consolidação da independência do Brasil e a preservação da unidade nacional, a Batalha do Jenipapo ficou fora dos livros de História por mais de um século. “Além de celebrar os 194 anos da Batalha do Jenipapo e reivindicar sua inclusão com destaque nos livros de História, homenageamos a coragem dos heróis e destacamos o protagonismo popular na resistência contra a exploração e a luta pela liberdade”, discursou o deputado Assis.

(Foto: Lucio Bernardo Jr. – Câmara dos Deputados)

Em sua fala, Assis Carvalho destacou a importância da luta popular e fez a comparação com os dias de hoje, destacando que a mobilização do povo têm ficado de fora de grandes noticiários, assim como a Batalha do Jenipapo.

O governador Wellington Dias citou heróis como Mandu Ladino e também ressaltou a relevância da resistência do povo para conquistar direitos. “A Batalha do Jenipapo é um momento que nos inspira e nos encoraja, pois alguém teve coragem, mesmo armado só com facão e foice, de enfrentar canhões em nome da independência. Então, por que qualquer um de nós, que estamos vivos hoje, vamos ter medo de desafios?”

No evento foi apresentado um vídeo sobre a Batalha, produzido pela TV Meio Norte, e um cordel ilustrado produzido pela CCOM (Coordenadoria de Comunicação do Governo do Piauí).

No ano de 2017, celebram-se os 194 anos da luta que marcou com sangue a independência do Brasil com relação aos colonizadores portugueses. A Batalha do Jenipapo foi decisiva no processo da emancipação da Colônia brasileira, que até então estava sob domínio de Portugal, mesmo após a proclamação feita em 7 de setembro de 1822. O confronto aconteceu às margens do riacho Jenipapo, onde hoje se localiza a cidade de Campo Maior.

A História

No ano de 1823, seis meses após o grito da Independência de 7 de setembro de 1822, a Corte Portuguesa se recusava a reconhecer a independência brasileira e pretendia desmembrar as províncias do Piauí, Maranhão e parte do Ceará e o Grão-Pará, para manter o norte da ex-colônia fiel à Coroa Lusitana. O encarregado da missão era o major João José da Cunha Fidié, experiente militar que tinha atuado em guerras napoleônicas, comandante das armas em Oeiras – então capital da província do Piauí.

Entretanto, houve resistência, com o levante da Parnaíba, em 19 de outubro de 1822, para onde Fidié partiu para sufocar o movimento rebelde. Neste intervalo, foi feita a Declaração de Independência de Oeiras, em 24 de janeiro de 1823, obrigando Fidié a retornar, período em que ele foi surpreendido pelos revoltosos do Movimento de Campo Maior, liderados pelo alferes Leonardo das Dores Castelo Branco, no histórico 13 de março de 1823,

Eram cerca de duas mil pessoas, entre piauienses e cearenses, sem nenhum treinamento militar. Lavradores, pescadores, vaqueiros, escravos, sertanejos, aliados a militares da tropa nacional, que foram massacrados no confronto desigual – com velhas espadas, facas, pedras e paus contra canhões e armas. Centenas foram mortos e os demais foram presos.

Apesar do massacre, a Batalha enfraqueceu e impôs baixas ao exercito de Fidié, além de ter inspirado e encorajado outros movimentos. Durante a retirada das tropas da Coroa, um destacamento de soldados da cidade de Sobral (Ceará) atacou e tomou parte das armas do exercito de Fidié. Em julho de 1823, Fidié e suas tropas foram cercados por piauienses, maranhenses e cearenses e forçados à rendição. Foi quando se consolidou a Independência do Brasil.

Novos eventos

Durante a sessão, o deputado Assis anunciou mais solenidades para destacar o protagonismo de províncias do norte nas lutas pela Independência do Brasil. Está marcada para 9 de maio a sessão sobre os 300 anos de Oeiras, que serão completados este ano. E no dia 17 de outubro deverá acontecer a sessão sobre o Dia do Piauí, quando será destacada a história do Levante da Parnaíba, a participação de Piracuruca e a Declaração da Independência de Oeiras, que precederam a Batalha do Jenipapo.

(Foto: Gustavo Bezerra – PT na Câmara)

Leia o discurso do deputado Assis Carvalho na íntegra:

Senhor Presidente,

Senhores Deputados, Deputadas,

Senhoras e Senhores que acompanham esta sessão pela TV Câmara,

Senhoras e Senhores que aqui vieram render homenagens aos heróis e heroínas do Jenipapo.

Inicio esta fala, saudando o povo do Piauí, do Maranhão, Ceará e Pará, todos descendentes dos combatentes pela liberdade. E, inicio ainda, agradecendo a presença de todos e todas que atenderam a nosso convite para participar desta sessão solene que trata da Batalha do Jenipapo, episódio histórico que completou 194 anos no último dia 13 de março.

A mensagem que eu lhes trago hoje é de resgate da história do protagonismo popular na independência do Brasil – para que o Brasil conheça e reconheça uma parte importante de sua história, construída pela corajosa resistência do povo do nosso país.

Solicitei esta sessão solene como mais um espaço para divulgar um importante episódio da luta pela independência do Brasil que ficou fora dos livros de História. E também para homenagear a coragem dos heróis do Jenipapo, trabalhadores que enfrentaram o exército fiel à Coroa Portuguesa para libertar o Brasil do domínio dos colonizadores.

Eis a História:

No ano de 1823, (seis meses após o grito da Independência de 7 de setembro de 1822), às margens do Ipiranga, a Corte Portuguesa se recusava a reconhecer nossa independência, e pretendia desmembrar as províncias do Piauí, Maranhão e parte do Ceará e o Grão-Pará, definida como Meio Norte, para manter o norte da ex-colônia fiel à Coroa Lusitana.

O major João José da Cunha Fidié, comandante das armas em Oeiras – então capital da província do Piauí – era o encarregado de defender os interesses do colonizador. Ele era um experiente militar, que tinha atuado em guerras napoleônicas.

Mas a força de Fidié não bastava. Ele encontrou resistência. No Piauí, tivemos o levante de Parnaíba, em 19 de outubro de 1822, para onde Fidié partiu para sufocar o movimento rebelde. Neste intervalo, foi feita a Declaração de Independência de Oeiras, em 24 de janeiro de 1823, obrigando Fidié a retornar, período em que ele foi surpreendido pelos revoltosos do Movimento de Campo Maior, liderados pelo alferes Leonardo das Dores Castelo Branco.

Nossos combatentes eram cerca de duas mil pessoas, entre piauienses e cearenses, sem nenhum treinamento militar. Lavradores, pescadores, vaqueiros, escravos, sertanejos, aliados a militares da tropa nacional.

Conta a tradição oral, que nossos guerreiros enfraqueceram a tropa de Fidié soltando os cavalos e jogando mantimentos e armas dos soldados no riacho.

Porém, no confronto desigual – com velhas espadas, facas, pedras e paus contra canhões e armas – nossos heróis foram massacrados na Batalha sangrenta, onde centenas perderam suas vidas e outras centenas foram para a prisão.

Esta foi a Batalha do Jenipapo, às margens do riacho de mesmo nome – onde hoje se localiza a cidade de Campo Maior – no histórico 13 de março de 1823, que marcou o protagonismo de províncias do norte nas lutas pela Independência do Brasil.

Apesar do massacre, a Batalha enfraqueceu e impôs baixas ao exercito de Fidié, além de ter inspirado e encorajado outros movimentos. Durante a retirada das tropas da Coroa, um destacamento de soldados da cidade de Sobral (Ceará) atacou e tomou parte das armas do exercito de Fidié.

Em julho de 1823, Fidié e suas tropas foram cercados por piauienses, maranhenses e cearenses e forçados à rendição. Foi quando se consolidou a Independência do Brasil.

A Batalha do Jenipapo, por seu protagonismo, foi uma etapa importante no processo de emancipação da Colônia brasileira, que até então estava sob domínio de Portugal, mesmo após a Independência ter sido proclamada em 7 de setembro de 1822. Uma etapa, frise-se, protagonizada pela força popular.

Não tivesse existido essa Batalha, o Brasil seria dividido em dois: uma parte independente e outra continuaria colônia portuguesa. O fim da colonização beneficiou todas as gerações seguintes, que nasceram livres.

Porém, essa bela história ficou fora dos livros de História do Brasil por mais de um século, pois a história oficial foi contada pela elite que abomina a participação popular.

Mesmo assim, a história – negada, excluída e escondida – se manteve viva, graças à tradição oral, atravessou o tempo, desafiando o poder. E está sendo resgatada. Embora ainda não tenha ocupado o lugar de destaque que merece, essa história é cada vez mais conhecida e difundida. E cá estamos para contribuir neste resgate.

Senhoras e senhores, eu destaco deste episódio histórico a coragem e o desprendimento dos combatentes, abrindo caminho para que a vitória acontecesse logo depois. Destaco também o protagonismo popular na história do Brasil e o legado e o exemplo que esta resistência nos traz.

A Batalha do Jenipapo nos revela que a Independência do Brasil não ocorreu de forma pacífica, como fizeram parecer por muito tempo. A história da nossa Independência começou muito antes (com episódios marcantes como o martírio de Tiradentes) e terminou muito depois daquele 7 de setembro de 1822, em que Dom Pedro I gritou, às margens do Ipiranga, em São Paulo.

Depois daquela data, durante mais de um ano, ocorreram lutas violentas, confrontos diretos. E nessas lutas se destacaram a participação popular.

As lutas que fizeram a redemocratização do país e construíram nossa legislação trabalhista e de reconhecimento de direitos sociais também foi feita à custa de luta que reuniu pobres, analfabetos, jovens, negros, trabalhadores, mulheres, homens –acima de tudo, pessoas que decidiram lutar. A luta deles teve um potencial mobilizador, que inspirou outros movimentos e resultou em desdobramentos relevantes para o desenvolvimento e a inclusão social no nosso país.

Tudo isso nos mostra a força que o povo tem de fazer as mudanças necessárias para que haja justiça social. E encoraja nossa mobilização e participação, assumindo as bandeiras importantes para um crescimento inclusivo e justo e, nestes tempos sombrios de golpe, para barrar os retrocessos sociais, que têm feito o Brasil regredir dezenas de anos em menos de 365 dias.

Senhoras, Senhores, essa história que mostramos aqui hoje, deixa claro que nem mesmo o poder e a violência da elite são capazes de impedir e esconder o protagonismo popular na construção do nosso País.

Ainda hoje, a elite – interessada em perpetuar seus privilégios a partir da usurpação das ações e da legitimidade conquistada por outros – esconde e manipula informações, exclui manifestações populares que não lhes interessa, manipula números, esconde imagens.

E o resultado disso é que os nossos heróis – cujo sangue ainda cobre o sertão – são escondidos por quem ditou o texto da História, assim como é ditada hoje nas edições das notícias sobre movimentos e as versões unilaterais que criminalizam líderes e movimentos e manipulam consciências.

O objetivo é descartar exemplos que poderiam ser seguidos, impedir a recriação da memória coletiva e, assim evitar potenciais impactos na formação da identidade brasileira, sobre a qual a elite não teria controle.

Nossa intenção é o contrário disso. Nossa intenção é tornar conhecida, em todo o Brasil, a Batalha do Jenipapo, tendo em vista seus impactos históricos, que foi a contribuição inestimável para preservação da unidade nacional.

Reivindico que a História seja reescrita, que seja reconhecida a importância dos heróis do Jenipapo na construção da independência do Brasil.

E que a história recente e a de hoje seja contada como de fato acontece, sem desvirtuar, reconhecendo a participação popular nas grandes conquistas.

Para concluir, o Piauí sente-se honrado com a realização desta Sessão Solene. Peço licença para solicitar a transcrição na integra do Hino do Piauí, para que conste nos Anais deste Congresso Nacional.

Eram estas minhas palavras por agora! Muito obrigado

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