A 32ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro abriu inquérito ontem para apurar o suposto crime de estupro de vulnerável do modelo Daniel Echaniz, 31 anos, contra a estudante Monique Amim, 23, no programa Big Brother Brasil 12 (BBB). Ontem, o delegado Antônio Ricardo Nunes, da 32ª DP, colheu depoimentos dos envolvidos. Nunes contou que ambos disseram não ter havido relação sexual e que as carícias foram trocadas de forma consciente, com consentimento de ambos. Na noite de segunda-feira, Daniel foi expulso do programa devido à repercussão do episódio. Monique segue na atração.

Segundo Nunes, o modelo e a estudante confirmaram que ingeriram bebida alcoólica, mas estavam conscientes. “Ela disse que houve os toques múltiplos e foi consentido por ambos. E não quis fazer o exame de corpo de delito de conjunção carnal”, afirmou. O responsável pelas investigações confirmou, no entanto, que foi aberto um inquérito para investigar o suposto crime de estupro de vulnerável, e completou: “Se nós, no decorrer da investigação, entendermos que houve o ato sem a consciência dela, vamos dar o seguimento normal da investigação”. O delegado recolheu um vídeo com as imagens, além de roupas íntimas dos envolvidos e roupas de cama. Nunes também deve ouvir outros integrantes do programa.

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, órgão do Ministério Público Federal (MPF), abriu ontem um procedimento para apurar a cena e o suposto abuso sexual, que violaria os princípios constitucionais da comunicação social e representaria ofensa aos direitos da mulher. De acordo com o MPF, o procedimento não é de natureza criminal, mas visa garantir, especialmente, o respeito aos direitos da mulher. “O objetivo do procedimento é que a Rede Globo, emissora de alcance nacional, não contribua para o processo de estigmatização da mulher, mas para a promoção do respeito à mulher”, informou o MPF, por meio da assessoria. Uma das ações que podem ser exigidas da emissora seria a divulgação, no BBB, dos direitos das mulheres. Já a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), órgão da Presidência da República, informou que está acompanhando a investigação “em contato direto com o Ministério Público Estadual (MPE) e a Polícia Civil do Rio de Janeiro”.

O MPF também questiona a TV Globo sobre a forma como a emissora informou o público a respeito dos fatos ocorridos na casa. Em relação à expulsão de Daniel, a TV Globo informou, sem especificar detalhes do comportamento do participante e das normas do BBB 12, que “a produção do programa avalia que o comportamento do participante foi inadequado, o que impede seu retorno à casa”. A nota diz ainda que, assim que surgiu a suspeita, a TV Globo iniciou a apuração dos fatos, “que num primeiro momento apontavam para uma cena de carícias semelhante à de outras edições”. O Ministério das Comunicações solicitou à TV Globo a gravação da programação veiculada nos últimos dias 14 e 15, com o objetivo de analisar as imagens segundo as normas do Código Brasileiro de Telecomunicações.

Desde que deixou o programa, Daniel Echaniz foi hospedado em um hotel no Rio de Janeiro e, por meio de sua conta no Twitter, publicou diversas mensagens referentes ao caso. “Galera, se aconteceu alguma coisa, isso é problema meu e de mais ninguém. Assunto encerrado”, postou. “Só acredito que a Justiça seja feita.” Em mensagem para a mãe, Maria Aparecida Echaniz, o modelo disse: “Mãe, logo logo estou aí! Tudo vai ficar bem, amo muito você”. Maria Aparecida tem afirmado que a motivação da Rede Globo para a expulsão de Daniel seria racista e não descarta a possibilidade de entrar na Justiça contra a emissora.

Abuso

O suposto caso de estupro ocorreu na madrugada de sábado, após uma festa na casa em que é realizada o BBB 12. Monique estava embriagada e foi dormir. Pouco depois, Daniel deitou na cama e, sob o edredom, começou a fazer movimentos típicos de um ato sexual. Monique estava inerte nas imagens. O episódio ganhou repercussão nacional quando telespectadores acusaram Daniel, nas redes sociais, de ter se aproveitado de Monique. As cenas eram restrita aos assinantes do pay-per-view e do site da emissora. A Rede Globo admitiu, por meio de nota divulgada ontem, a suspeita de abuso sexual dentro do programa. A emissora informou ainda que Daniel não voltará à casa.

Depois do episódio, Monique revelou ter dúvidas sobre o ocorrido. “A gente passou a mão um no outro. E, realmente, é só isso que eu lembro. Na minha cabeça, não me lembro de mais nada. De sexo, nada. Só se ele for muito mau caráter de fazer sexo comigo dormindo.”

Com correiobraziliense.com.br