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PM apreende adolescente por engano; família denuncia agressões e ameaças de morte

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No mesmo dia em que realizou a maior apreensão de drogas do ano, na zona Leste de Teresina, a Polícia Militar do Piauí cometeu, em outra parte da cidade, um grande equívoco: levou preso um inocente, o estudante L.S.A., de 17 anos de idade, acusado de ter, naquele mesmo dia, assaltado um posto de combustíveis e baleado um policial militar. Tudo aconteceu na última quarta-feira (23).

“Eu falando direto que não tinha sido eu, e eles [policiais] dizendo que iam me matar. Tive muito medo”, disse o adolescente. Ele foi conduzido em uma viatura até a Central de Flagrantes, mas nem chegou a ser autuado. A polícia teria verificado logo em seguida que ele não era um dos suspeitos, liberando-o.

Mas, o episódio pode ter deixado marcas. L.S.A. afirma que, no trajeto até a Central, foi espancado e ameaçado de morte por PMs do Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial).

A família do adolescente procurou a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Piauí (OAB-PI) para denunciar os supostos abusos policiais e agora agiliza o exame de corpo de delito, para comprovar essas acusações.

No dia 23, na tentativa de capturar os elementos que atiraram contra o PM, a polícia montou uma megaoperação. Um deles seria um rapaz alto e moreno. A partir dessa descrição, os policiais chegaram a L.S.A. por acreditarem que as características batiam.

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Mas, segundo o adolescente, logo após ter sido levado, os PMs viram as imagens das câmeras de segurança do posto e constataram que houve um engano, o que teria motivado a sua liberação.

O comandante de policiamento da capital, coronel Albuquerque, confirma que o adolescente “não tinha nada a ver” com a situação que vitimou o PM. “Foi apenas indicado o nome dele, mas, segundo a informação que me foi passada, não foi constatado o envolvimento”, disse.

Para a captura do rapaz, até um helicóptero da PM foi destacado. Policiais do Rone, do 6° Batalhão da Polícia Militar e também do 9° Distrito Policial se deslocaram até a sua casa, no Residencial Ribeiro Magalhães, próximo ao bairro Mocambinho, na zona Norte da cidade.

O adolescente conta que levou socos e pontapés e diz que teve inclusive um dente quebrado. “Disseram que eu tinha atirado no policial. Ficaram me espancando direto. O Fábio Abreu [subcomandante do Rone] disse para outro PM, dentro da viatura, que iam me levar para a beira do Rio Parnaíba. Dizia também que ia me levar para a sede do Rone, para apanhar de cada um lá dentro”, relatou.

A mãe do garoto, Cilene Maria de Sousa Alves, narra momentos de pânico: “A cena foi de terror. Perguntei o que era e eles [policiais] disseram: “Seu filho fez um assalto e baleou um policial. Nós viemos foi para matar’”.

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Além das agressões contra o menor, Cilene acusa oficiais envolvidos na operação de coação psicológica. “Um deles disse: ‘Reze para duas almas, a do policial e a do seu filho, porque quem mata policial morre. Diga adeus para o seu filho, que ele não vai mais lhe dar a bênção’. Essa palavra é muito dura. Mas eu queria era que ele me mostrasse provas para estar acusando meu filho”, afirmou.

A polícia encontrou o adolescente na garupa de uma motocicleta, numa avenida perto da sua residência. “Ele estava voltando do colégio para casa. Já foram derrubando ele da moto, bateram nele ali mesmo e jogaram dentro do carro”, completou a mãe do rapaz.

Cilene condena os métodos da polícia e frisa que vai levar o caso adiante. “Foi uma tortura, sem terem certeza. Eles podiam ter executado meu filho bem ali na minha frente, porque a ira deles era para matar. Não era ele o culpado. Espero que a polícia cumpra seu papel, mas com responsabilidade”, pontuou.

Fábio Abreu frisa que o Rone foi responsável apenas pela condução do adolescente até a Central de Flagrantes e nega qualquer ato de violência. “Dentro da minha viatura não teve nada disso”, disse.

O coronel Albuquerque assegurou que a polícia não será omissa. “Aqui a gente não omite, a gente faz a apuração”, afirmou. Ele recomenda que a família o procure ou mesmo a Corregedoria da PM. “Se ele foi preso de maneira ilegal, se houve um erro, a gente manda apurar”, ressaltou.

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Juliana Dias
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